PARA QUE EDUCAR?
Quando paramos e analisamos a nossa atual conjuntura regional, estadual e nacional, deparamos com uma pergunta inquietante: Para que educar? Sim, diante da realidade do século XXI, quando vivemos num mundo globalizado e capitalista, e somos diretamente influenciados e guiados pelos grandes meios de comunicações, ficamos analisando e refletindo nas funções dos educadores, e qual a razão de suas existências.
Temos na atualidade os melhores recursos disponíveis para o trabalho educacional. Sabemos que o poder público investe altas cifras em livros didáticos, cursos aos professores, equipamentos mobiliários nas escolas públicas e em construções de novas unidades escolares. Muito se investe. Muito se fala em educação. Mas o que é educar? Para que educar? Ainda necessitamos do professor para educar nossas crianças e jovens? Será que o professor é indispensável para educar o ser humano, mesmo diante de tão grande avanço tecnológico do nosso século???
Lendo um artigo do educador chileno Humberto Maturana, podemos refletir sobre o que é educar e para que educar. Segundo ele, o educar é o processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência. Com isto ele ressalta que e educação acontece a todo tempo e sempre de maneira recíproca, e ainda que esta é continua, durando por toda a vida.
Concordamos plenamente com Maturana, mas precisamos estar atentos se realmente a educação está acontecendo e para que está acontecendo. Cremos que o ser humano desde o seu nascimento necessita ser educado e envolvido inteiramente no processo educacional. E mesmo, o idoso não fica isolado da educação, pois na velhice estamos a encarar novos desafios e novas situações que irão nos exigir sabedoria e competência.
Interessante a visão de Maturana, que acredita que a educação deve-nos levar a respeitar os nossos erros e a tratá-los como oportunidades legitimas de mudanças. E educação deve fazer-nos refletir sobre nossos afazeres e mudarmos de mundo sem deixar de respeitar eu e o outro.
A educação deveria nos preparar para o viver com plenitude e realização no mundo, no local e lugar onde estamos inseridos, em qualquer momento e a qualquer tempo. Ainda olhando para Maturana, vamos observar que a educação deveria ajudar o ser humano a desenvolver uma postura reflexiva para melhor entender e conviver com o outro. O mundo em que vivemos é de muita luta e de uma competição sem limites. É individualista, violento e incerto. Por isso, cremos que somente a educação em sua totalidade poderá fazer com que cada ser humano encontre o caminho da vida e da realização, podendo assim construir uma história e uma caminhada de sucesso que venham a trazer mais amor, paz, respeito e união entre os humanos.
Para que educar? Entre tantas respostas que podemos dar, limitamos a dizer como educadores que devemos educar para encontrar o prazer de viver. O educando deve através da educação encontrar o caminho que o leve a viver a vida em plenitude total. Que a cidadania seja presente em cada instante da vida.
Cremos que somente através da educação que poderemos reduzir os altos índices de violência e corrupção em nosso país. É pela educação que formamos cidadãos competentes, promotores da paz, da amizade e comprometidos com a vida e a felicidades dos humanos. É um processo lento e contínuo que talvez não traga resultados imediatos, mas com certeza trará muitos resultados a médio e a longo prazo. A educação faz sentido quando transforma o nosso coração e nos faz um agente da paz.
Sebastião Froes
Pastor, professor e escritor.
Julho/2007
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